A incompetência popular gera perdas irrecuperáveis.

 Por Cimberley Cáspio

ESTÁDIO DO MARACANÃ | Estádio maracanã, Rio de janeiro, Fotos do rio

Como era bom ir ao Maracanã nos anos 60 e 70, tempo em que as famílias frequentavam o estádio carioca para assistir campeonatos de futebol de verdade. Ver jogadores de verdade, e não marketing esportivos de duas pernas correndo atrás da bola. Eram jogadores que honravam as camisas e queriam ganhar as partidas.

Quase todos os domingos, ou às quartas-feiras à noite, íamos assistir ótimas partidas de futebol, inclusive com clubes que hoje praticamente desapareceram, como por exemplo: São Cristóvão, Olaria, Bonsucesso, América, entre outros, e mesmo com a derrota, saímos felizes, era futebol jogado por 90 minutos.

O Maraca era um estádio público e os ingressos eram baratos. E nessa época, havia a área da geral, que com ingressos de valores quase simbólicos, a gente assistia as partidas de pé, e para compensar, ficávamos perto do campo e dos jogadores, onde ouvíamos quase tudo, inclusive as broncas do técnico. Ricos e pobres, ninguém ficava sem assistir as partidas.

O sonho de cada jogador no Brasil, era jogar no Maracanã, e torcedor que podia, não perdia a oportunidade. Levavam esposas, filhos, avós, avôs, camisas diferentes, juntas e misturadas, enfim, era pura diversão e não havia violência.

A partir do momento em que foram criadas as torcidas organizadas, as famílias desapareceram dos estádios e a violência descambou, e pra piorar, o Maracanã foi privatizado, a geral foi extinta, os jogadores se transformaram em produtos de comércio, e o valor dos ingressos foram pras alturas. O início do fim do futebol no Brasil.

Assim também como o carnaval; enquanto as famílias participavam, era festa, alegria e muita diversão, mas depois que as famílias se afastaram, o carnaval verdadeiro acabou. Se transformou em um evento bizarro, descaradamente comercial, de muito mau gosto, e sem nenhum sentido. Totalmente distante da emoção popular.

I.A.P.C. - Anos 60 | Família fantasiada para o carnaval, pou… | Flickr
Família fantasiada para o carnaval, pousando para uma foto na Rua Goiás, ao lado do I.A.P.C., no Rio de Janeiro, em meados dos anos 60. Acervo: Marilene Chuva.

Sendo assim, podemos afirmar que aonde está a família, há verdade, emoção e alegria. Se não há família, é como o espaço vazio, que por mais barulho que se faça, a sensação é de deserto, opressão, tristeza e abandono.

E hoje lutamos pela preservação e essência da família, mesmo sabendo que nunca mais teremos o Maracanã e o carnaval que um dia conhecemos, curtimos e tivemos muita alegria.

Com a família, há vida, e sem a família, a escuridão e penumbra domina.

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