Tom Polansek – Ana mano – Agustin Geist / Reuters – Editado por Cimberley Cáspio
Memes compartilhados em grupos de bate-papo do WhatsApp lamentam como a carne bovina se tornou inacessível, incluindo piadas de que a inflação levou as pessoas a comer polenta – uma crítica irônica aos esforços governamentais de ajuda alimentar durante a pandemia.
Globalmente, o aumento está contribuindo para os preços dos alimentos mais altos desde 2014, de acordo com a agência de alimentos das Nações Unidas, atingindo os consumidores mais pobres, que lutam para se recuperar das paralisações econômicas provocadas pela pandemia COVID-19.
O aumento nos preços da carne bovina foi estimulado pelo aumento da demanda da China, oferta limitada de gado em alguns países, escassez de trabalhadores nos frigoríficos e aumento dos custos da ração. A tendência está começando a sacudir os mercados fornecedores e impactar a política.
Os preços de alguns cortes de carne bovina aumentaram até 30% no ano passado no Brasil devido à oferta restrita de gado e à forte demanda de exportação, disse Guilherme Malafaia, funcionário da agência governamental de pesquisa agrícola, Embrapa. Junto com Hong Kong, a China compra 60% de toda a carne bovina exportada pelo Brasil.
Os frigoríficos brasileiros JBS SA (JBSS3.SA) e BRF SA (BRFS3.SA) , no entanto, disseram que estão lutando para repassar os custos mais altos da ração aos consumidores em seu mercado doméstico, embora a JBS tenha se beneficiado de suas operações nos Estados Unidos.
Para os brasileiros, porém, os preços altos empurraram o consumo doméstico para baixo em 14% dos níveis pré-pandemia, para o menor nível em 25 anos. Em vez disso, os consumidores se voltaram para carne de porco, frango e ovos, que são historicamente mais baratos.
O consumo per capita de carne suína no Brasil cresceu 5%, enquanto o consumo de frango cresceu 6% em 2020 em relação ao ano anterior, disse Marcelo Miele, pesquisador de carne suína e de aves da Embrapa. Os brasileiros agora comem 251 ovos por pessoa por ano, o maior valor de todos os tempos, disse ele.
Os açougueiros estão sofrendo com a queda nas vendas à medida que alguns consumidores cortam a carne bovina ou mudam para carnes mais baratas.
O embarque de carne bovina para importadores como a China é mais lucrativo para países como Argentina e Brasil devido à desvalorização da moeda e ao enfraquecimento da demanda local, disse Upali Galketi Aratchilage, economista sênior da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação. O resultado, porém, é que o aumento das exportações pode reduzir a oferta doméstica, elevando os preços, disse Aratchilage.
Os Estados Unidos e o Brasil ainda estão lutando para repor os estoques domésticos de carne bovina congelada, frango e porco armazenados depois que os embarques para a China aumentaram no ano passado, mesmo com o COVID-19 destruindo matadouros, adoecendo trabalhadores e prejudicando a produção.
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