Por Cimberley Cáspio

Imagem: AssisnewsG1 (Mauro Pimentel/AFP, Douglas Magno/AFP, Leo Correa/AP, André Penner/AP, Adriano Machado/Reuters, Washington Alves/Reuters, Paula Paiva Paulo/G1, Leo Drumond/Agencia Nitro via AP)
Fazer justiça no Brasil é algo dificílimo. Não por ser difícil fazer justiça, mas sim, porque, não fazer, é mais interessante e lucrativo.
A área da justiça não é pública. É uma área particular, uma propriedade privada em que, com raras exceções, o interesse maior é a produção e captação monetária para manter a sustentação do luxo da instituição e de seus membros e servidores.
Fazer justiça, é um ato de humanidade, e na verdade, uma ação que agrada a Deus e aos justiçados; mas, se o justiçado for um pobre, e o acusado for uma pessoa rica, influente, ou talvez, o acusado for uma grande empresa, multinacional por exemplo, o caminho da justiça é totalmente contornado, provocando demoras excessivas em decisões simples. E o que seria simples de decidir, agora passou a ser algo complexo, cercado por um emaranhado de recursos e intransponível a vítima, ou vítimas do processo. E só um poder sobrenatural seria capaz de romper tamanha muralha.
Enquanto o lado vítima da desgraça aguarda ansioso pelo dia da audiência ou julgamento da causa, nesse meio tempo, o lobby do afortunado se movimenta em conversas mais do que interessante em gabinetes, almoço em restaurantes de luxo, ou mesmo em viagens em lugares paradisíacos, no objetivo de destruir por completo a justiça, que em muitos casos, o sucesso desses lobistas, que já é algo concreto, fez da instituição, uma enorme propriedade privada, em que a vítima, e pior ainda ser for pobre, o limite de acesso, é a porta da Defensoria Pública, que por ser pública, já está condenada.
Estou me referindo às vítimas do rompimento das barragens de Mariana e Brumadinho. Justiça estadual, justiça federal, Ministério Público municipal, estadual e federal. Tanto tempo de estudos em faculdades, tanta sabedoria do Direito adquiridas, tanto tempo dedicado a carreira, tudo isso para quê? Literalmente morrer na praia. Durante o processo, claro, a riqueza pessoal de alguns envolvidos no processo evoluiu significativamente e continua evoluindo, enquanto as vítimas continuam perdendo e clamando por algo que hoje existe somente no nome, justiça.
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