Por que não a consciência branca?

 Por Cimberley Cáspio

MPT: Denúncias de trabalho análogo à escravidão crescem 7,63% em 2019 -  Diário do Poder
Trabalho escravo infantil – Foto: Ministério Público do Trabalho

Trabalhando como taxista em Duas Barras/RJ, atendendo solicitações, tenho percorrido lugares em que tenho constatado em algumas propriedades rurais, não só em Duas Barras, mas também em outros municípios adjacentes, trabalho análogo à escravidão. E esses escravos são brancos, não são negros. E por serem muito pobres e não terem nenhuma opção, se sujeitam a todo tipo de humilhação, jornadas intensas e restrição de locomoção devido a miséria de salário, e impossibilidade de folga.

Em 13 de maio de 1888, a Lei Áurea, decretou a libertação dos escravos, porém, o termo escravo, não se refere somente a negros, mas sim, a toda raça escravizada, inclusive brancos. Mas que, de uma maneira estranha, a escravidão no Brasil, parece que vitimou somente a raça negra, não, a raça branca trabalhadora, de maioria na extrema pobreza, ainda é tratada como escrava em algumas propriedades rurais. Claro que toda regra há exceção, mas, infelizmente em algumas propriedades rurais aqui da região serrana do Estado do Rio de Janeiro, a escravidão ainda não foi abolida, e os escravos são brancos, não são negros.

“Conforme relatado, já de forma nacional, o meio rural continua concentrando o maior número de registros, com 87% dos casos: produção de carvão vegetal (121); cultivo de café (106); criação de bovinos para corte (95); comércio varejista (79); cultivo de milho (67). O trabalho escravo urbano também fez 120 vítimas, a maior parte na confecção de roupas (35). Também houve registros na construção civil (18), em serviços domésticos (14), construção de rodovias (12) e serviços ambulantes (11).

Minas Gerais foi o estado com mais fiscalizações (45 ações) e onde foram encontrados mais trabalhadores em condição análoga à de escravo (468). São Paulo e Pará tiveram 25 ações fiscais, cada, sendo que em São Paulo foram resgatados 91 trabalhadores e no Pará, 66. O maior flagrante em um único estabelecimento foi no Distrito Federal, onde 79 pessoas estavam trabalhando em condições degradantes para uma seita religiosa.

Entre 2003 e 2018, cerca de 45 mil trabalhadores brancos, foram resgatados e libertados do trabalho análogo à escravidão no Brasil. Segundo dados do Observatório Digital do Trabalho Escravo, isso significa uma média de pelo menos oito trabalhadores resgatados a cada dia. Nesse período, a maioria das vítimas era do sexo masculino e tinha entre 18 e 24 anos de idade. O perfil dos casos também comprova que o analfabetismo ou a baixa escolaridade tornam o indivíduo mais vulnerável a esse tipo de exploração: 31 % eram analfabetos e 39% não haviam concluído sequer o 5º ano.” (diariodopoder.com.br)

Então por que só a consciência negra? Quando que a Lei Áurea contemplará também de forma permanente a abolição dos escravos brancos?

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