Por Cimberley Cáspio

Taxiando pela cidade, vou interagindo com as pessoas; e agora em pleno carnaval, percebo que boa parte dessas pessoas na verdade vivem, mas estão mortas. E por mais que se espere uma recuperação, infelizmente o trágico destino já está traçado.
Mas onde está a realidade? Na capela municipal. Ali, um povo chora por alguém que se foi, uma mulher que morreu nova e que nem pode esperar pelos cabelos brancos. Porém, do outro lado, na praça da cidade, está a fantasia, a ilusão, a comemoração de coisa nenhuma.
O que eles cantam? E o que comemoram? Dançam por que razão? A vida não está sendo ali celebrada. E mais e mais bebida é consumida para aumentar a dose de alegria, motivo de toda fantasia e ilusão.
Seria a mesma coisa que pular no vazio? Sem saber por que está pulando? A mesma coisa. E vamos atrás do trio elétrico. Por que atrás do trio elétrico? Sei lá! Talvez porque todo mundo está indo. A música ali está sendo tocada e a multidão vai atrás. Pera aí, preciso beber mais! Vou com a latinha de bebida na mão pulando e cantando. Se eu não souber e nem conhecer a música, vou só pulando e bebendo. Quando a bebida acabar, compro outra. E se eu apagar, meu corpo ficará tombado em qualquer lugar.
Minha casa? Só volto na quarta-feira. Nem sei as consequências disso. Só sei que vou perder muito. Mas que se dane, é carnaval, e ainda tenho vida pra celebrar a loucura. Quanto a irresponsabilidade dos meus atos, não me importo, afinal, sou carnavalesco, já estou morto mesmo.
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