Por Diário de Cuba

Durante a campanha de Evo Morales para presidente em um quarto mandato, um grupo de consultores políticos russos vinculados ao Kremlin foi enviado a La Paz para ajudar o presidente Evo Morales a vencer sua quarta eleição presidencial, segundo o The Project, três fontes sem vínculos entre si cientes do assunto.
Um dos funcionários que declarou na investigação – traduzido em colaboração com o projeto cubano Inventory e publicado em ArmandoInfo – disse que Moscou queria garantir que empresas estatais como a Rosatom tenham vida longa na Bolívia.
Essa empresa, que controla todas as instalações nucleares civis e militares na Rússia, tradicionalmente é responsável pelas eleições em todas as cidades em que está presente. Em resumo, ganha quem ela quer.
Depois de nacionalizar a economia em seus primeiros termos, Morales deu as boas-vindas às empresas russas no mercado boliviano. A Rosatom tem um contrato para a construção de um centro nuclear no valor de 300 milhões de dólares em El Alto.
Além disso, a gigante estatal russa de energia Gazprom começou a participar de projetos de produção de gás e a Russian Helicopters planeja vender aeronaves para o exército boliviano.
Outra fonte disse ao The Project que, se Morales perdesse as eleições, o destino desses contratos estaria “em dúvida”, que ele atribuiu a uma mudança na política de um novo governo diante da “pressão dos americanos”.
Segundo a investigação, nos últimos anos as capacidades políticas da Rosatom se expandiram. Em 2016, seu diretor, Sergey Kiriyenko, tornou-se o primeiro vice-chefe da administração presidencial. Nesta posição, ele é responsável por toda a política interna da Rússia e interage ativamente com estrategistas políticos.
Foram os funcionários de Kiriyenko no Kremlin que coordenaram a seleção de especialistas que seriam enviados à Bolívia, segundo duas fontes próximas à administração presidencial. O funcionário federal russo que declarou sob condição de anonimato insistiu que o Kremlin “só estava ciente” deste trabalho. Será?
O diretor do departamento regional da Rosatom, Adrey Polosin, foi responsável pelo envio da missão à Bolívia.
No início de 2019, foi formado o primeiro grupo de russos a chegar à Bolívia. A Rosatom contratou primeiro pessoas com experiência em campanhas eleitorais na Rússia e depois recrutou especialistas com habilidades em espanhol para auxiliar consultores políticos, de acordo com outra fonte.
Todas as fontes consultadas pelos autores do trabalho disseram que o principal objetivo do grupo era o trabalho na internet. Em particular, espalharam publicações nas redes sociais com teses do programa de Morales “Bolívia para todos” e participaram de “campanhas de propaganda negra” contra críticos do governante.
O Projeto incluiu em sua investigação o nome e o perfil de alguns dos dez estrategistas russos que trabalharam na Bolívia e de outros consultores que, em momentos diferentes, ajudaram as autoridades russas nas eleições em cidades como Samara e Ecaterimburgo.
E como de fato, o Tribunal Eleitoral (TSE) da Bolívia confirmou a vitória do presidente Evo Morales no primeiro turno, que garantia um quarto mandato até 2025, apesar dos protestos sociais que exigiram uma votação com o oponente Carlos Mesa, conforme previsto pelo resultados das primeiras eleições.
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