Quase 90% dos coletes à prova de balas, ou seja, 14.151 unidades da Polícia Civil do RJ estão fora do prazo de validade. Policial que reclamou, foi punido.

Por Ricardo Abreu, GloboNews
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Foto: José Lucena/Futura Press
Dos 16 mil coletes à prova de bala da Polícia Civil do Rio de Janeiro, quase 90% estão com prazo de validade vencido. Foi o que revelou um levantamento exclusivo da GloboNews, baseado em dados obtidos via Lei de Acesso à Informação (LAI).
Pouco mais de 1,8 mil estão dentro do prazo de validade, com vencimento entre abril e setembro de 2021.
  • Dentro da validade: 1.849 – 11,5%
  • Fora da validade: 14.151 – 88,5%
Atualmente, a Polícia Civil, alçada ao nível de secretaria pelo governador Wilson Witzel (PSC), conta com 9,7 mil agentes, e possui coletes que, se estivessem dentro do prazo de validade, poderiam aguentar tiros de diversos calibres, dos menores, como pistolas 9 milímetros, até tiros de fuzis.
De que são feitos os coletes
Os equipamentos mais pesados são geralmente compostos por uma placa de cerâmica e uma tela de kevlar, que é um material sintético ultra resistente.
Os coletes saem das fábricas com prazo de validade, que é o período em que o fabricante garante a efetividade do material. Instrumentos de proteção fora da validade ficam sem a garantia do fabricante e podem trazer risco aos policiais.
O diretor do Sindicato dos Policiais Civis do Rio de Janeiro e inspetor da polícia, Edivaldo de Oliveira, sabe o que é ter coletes vencidos em missões. Ele chegou a reclamar com a corporação sobre a situação de risco com os instrumentos fora da validade.
Mas, depois da reclamação, em vez de receber novos coletes, ele foi trocado de função: o inspetor deixou a Divisão de Homicídios para servir em uma delegacia distrital.
O sindicato enviou um ofício para o comando da Polícia Civil no início de 2019 , pedindo explicações sobre a falta de coletes com vencimento em dia.
A GloboNews apurou que coletes adquiridos na época da Intervenção Federal, de fevereiro a dezembro de 2018, estavam sendo aguardados pela polícia.
Procurada, a secretaria de Polícia Civil ainda não respondeu se vai receber coletes que foram adquiridos na época da intervenção.

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