Ebola:1405 mortos, 2084 infectados, 1977 casos confirmados e 284 casos suspeitos ainda em investigação. Apenas 575 pessoas infectadas ficaram curadas. E a OMS diz que ainda não é uma emergência internacional de saúde pública.

Por Andrea Cunha Freitas – público.pt
Após a propagação do vírus ebola da República Democrática do Congo para Uganda, o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom ​Ghebreyesus, convocou uma reunião do Comitê de Emergência para decidir se o surto já constitui uma emergência global de saúde pública. Os peritos concluíram, após uma longa reunião que começou de manhã e se prolongou ao longo do dia, que a atual situação na região ainda não merece que seja declarada uma emergência internacional de saúde pública por não cumprir os critérios para tal. Apesar de Uganda ter demonstrado uma resposta rápida aos primeiros casos confirmados naquele território, muitos temem que o surto se alastre agora a outros países que não se encontrem preparados para enfrentar este problema.
Tedros Adhanom Ghebreyesus já tinha elogiado a ministra da Saúde de Uganda, Jane Ruth Aceng, pela resposta rápida na identificação do primeiro caso de ebola, realçando que o país se encontrava preparado para esta possibilidade há vários meses e que esse tipo de experiência “é decisiva para evitar que o vírus alastre”.
A ministra ugandesa confirmou os primeiros três casos de infecção pelo vírus do ebola devido ao surto em curso na República Democrática do Congo (RDC). Uma criança congolesa de cinco anos acabou por morrer já em território ugandês e os outros dois casos de infecção, de elementos da mesma família, estavam a ser acompanhados.
Um dia depois, as autoridades de Uganda confirmavam mais uma morte (a avó, com 50 anos, da primeira vítima) e anunciaram que tinha repatriado para a RDC os parentes das duas vítimas. E de regresso ao Congo foi então repatriado o menino de três anos infectado pelo ebola e que se encontrava já com sintomas da doença.
O pai da criança de cinco anos que foi a primeira vítima mortal, a mãe, o irmão de três anos e um bebê de seis meses, juntamente com a empregada da família, foram também repatriados, referia um comunicado da ministra da Saúde, que adiantava que o pai, de 23 anos, exibiu sintomas da infecção, mas os resultados das análises foram negativos. “Três outros casos suspeitos de ebola não relacionados com esta família continuam isolados”, avançou ainda o ministério. Segundo o diretor-geral da OMS, Uganda já tinha vacinado cerca de 4700profissionais de saúde em 165 unidades de saúde.
Logo após, Uganda proibiu reuniões públicas no distrito de Kasese, onde a família cruzou a fronteira. Os moradores também estão a tomar precauções, sendo aconselhados a lavar frequentemente as mãos, adiantou a agência Reuters. “Foram instalados vários locais para lavagem de mãos, com materiais como lixívia e sabão. As pessoas não se cumprimentam com apertos de mão, apenas acenam umas às outras.”
Apesar da resposta eficaz do Ministério da Saúde de Uganda, os novos casos estão a preocupar as autoridades de saúde e especialistas pelo fato de o vírus ter passado a fronteira para outro país. A OMS tinha garantido que (pelo menos, por enquanto) não havia qualquer sinal de disseminação do vírus dentro do território de Uganda. Ou seja, até aquele momento, os casos registados no país eram todos importados da RDC. E Mike Ryan, chefe do programa de emergências da OMS, confirmou que não existe nenhum caso conhecido de transmissão de ebola em Uganda.
Na reunião, em Genebra, Suíça, os peritos acabam de considerar que o surto de ebola é uma emergência na RDC e na região, mas não constitui atualmente uma emergência de saúde pública de âmbito internacional, revelou Tedros Adhanom Ghebreyesus na sua conta no Twitter. “Embora o surto de ébola na RDC não seja uma ameaça de saúde global, quero sublinhar que para as famílias e comunidades afetadas é de fato uma emergência”, acrescentou.
Num comunicado oficial divulgado antes da reunião, a OMS defendia que “o nível global de risco a nível nacional” em Uganda era “moderado​”, tendo em conta que os três casos confirmados no país pertencem a um único grupo familiar, bem como o nível de preparação e experiência das autoridades ugandeses nos surtos anteriores de ebola e a sua rápida detecção de casos numa área geográfica limitada. “No entanto, o risco regional global representado pelo surto na RDC continua muito alto. O risco global a nível internacional permanece baixo”, referia o mesmo documento. Na sua conta do Twitter, a ministra da Saúde de Uganda publicou a seguinte atualização: “Temos apenas um caso suspeito isolado na Unidade de Tratamento em Bwera. Dos três suspeitos que tivemos ontem, dois testaram negativo para ebola, enquanto os resultados estão pendentes para o caso suspeito (que se encontram em isolamento).”
É a terceira vez que a Comitê de Emergência da OMS se reúne desde que foi declarado o surto do vírus ebola na RDC, que desde Agosto de 2018 já provocou 1405 vítimas mortais naquele país. Desde o início da epidemia, declarada em agosto, o número de infectados é de 2084, dos quais 1977 foram confirmados em laboratório e há 284 casos suspeitos ainda em investigação. Apenas 575 pessoas infectadas ficaram curadas.
E por outro lado, a febre de lassa também virou uma epidemia e está matando tanto no Benim quanto na Nigéria.

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