O aumento do abate de jumento no Brasil, já põe em risco a extinção da espécie, símbolo do Nordeste.

Por Leandro Machado – BBC Brasil / editado p/Cimberley Cáspio
Jumentos comendo na fazenda em Canudos

Cerca de 200 jumentos foram encontrados mortos em uma fazenda na cidade de Canudos, a 372 km de Salvador
Uma das preocupações das autoridades e de entidades de defesas dos animais é que o aumento exponencial de abates de jumentos pode exterminar a espécie no país. Segundo o Conselho Regional de Medicina Veterinária da Bahia, os asininos podem desaparecer do Brasil em até cinco anos se a atividade seguir nesse ritmo.
Na decisão que suspendeu o negócio na Bahia, a juiza federal Arali Maciel Duarte escreveu que 44 mil animais foram abatidos entre 2016 e outubro de 2018 em apenas um dos três frigoríficos do Estado com autorização para realizar a tarefa.
Jumentos reunidos para abate na Bahia, em imagem de 2016

Jumentos reunidos para abate em frigorífico em Miguel Calmon (BA), em imagem de 2016, quando Ministério Público chegou a suspender a atividade – Imagem: Agora na Bahia
“O Brasil não tem cadeia produtiva de jumentos. Ou seja, eles não são criados para o abate, como os bovinos”, diz Elizabeth MacGregor, diretora do Fórum Nacional de Proteção e Defesa de Animal. “Se continuar assim, a espécie será exterminada. O Estado brasileiro não se preocupou em dar tratamento digno para os jumentos, que são um símbolo cultural do Nordeste e do país.”
A promotora Cristina Seixas Graça também critica a forma como o negócio vem sendo conduzido. “Estamos nos tornando apenas uma fonte de exportação sem ter nenhuma grande vantagem econômica por essa atividade que pode acabar com a espécie”, diz.
Em nota, o Ministério da Agricultura afirma que os estabelecimentos devem garantir instrumentos e mecanismos de autocontrole para o bem-estar dos animais. A pasta também diz que equipes do Serviço de Inspeção Federal (SIF) têm fiscalizado regularmente os frigoríficos.

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