A Justiça brasileira ainda tem o seu exemplo de bravura e patriotismo.

Por Cimberley Cáspio

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Foto de arquivo da juíza Patrícia Acioli, assassinada com 21 tiros quando chegava em sua casa em Piratininga, região de Niterói (RJ) (Frederico Rozario/Agência O Globo/VEJA)
Se o STF transferir processos de bandidos envolvidos na Lava Jato para à Justiça Eleitoral, é uma prova cabal de incompetência e nulidade do órgão. O STF terá que ser extinto ou reformado. Digo reformado porque renovado não fará tanta diferença.
O STF e o STJ já vem falhando de forma gravíssima contra o Estado Brasileiro, soltando presos que não deveriam ganhar a liberdade. Esta moda está sendo praticada não só na Operação Lava Jato quanto também agora na questão da tragédia de Brumadinho, quando a primeira instância prendeu funcionários da VALE responsáveis pelo rompimento da represa e o Supremo Tribunal de Justiça soltou.
Com as devidas exceções, a Justiça brasileira se perdeu, está fazendo uma confusão em sua própria área que nem ela mesma sabe mais como consertar a embrulhada que criou. E chegou a uma situação que quanto mais se mexe mais está complicando. A revolta da sociedade contra o Judiciário superou a dos políticos. Para manter preso o Zé galinha é fácil, mas manter a prisão dos bandidos de colarinho branco o buraco está mais embaixo do que se possa imaginar. 
De que a Justiça está com medo? Os ministros do Supremo Tribunal Federal e do Supremo Tribunal de Justiça estão recebendo alguma chantagem ou ameaça? A ação da Justiça está pra lá de suspeita; ao invés de apoiar a Lava Jato, que é o Estado Brasileiro querendo se soltar das amarras da corrupção, a Justiça trabalha para neutralizar o correto a favor do errado?

A Justiça Eleitoral não merece comentário, pois como os ladrões afirmaram, “todos os roubos foram devidamente registrados e aprovados pelo órgão” que deveria fazer o dever de casa e não fez. Restaria então o STF e o STJ, que de forma estranha e obscura não estão querendo enfrentar a ORCRIM, dando uma de Pilatos e entregando o Brasil a turba que tem como objetivo a destruição da Pátria. Mas mesmo que a Justiça dê uma de Pilatos, não escapará de sua culpa, pelo contrário, o rigor com que será julgada a Justiça incompetente ou medrosa, será muito maior do que o rigor do julgamento dos traidores da Nação. Não há nenhuma dúvida em relação a isso.
Tá, serei processado de novo por ter relatado isso, já sei. Se uma procuradora foi punida por ter criticado a Justiça imagine eu, apenas um jornalista, nada mais que isso. Mas como posso aguentar um poder que é tão valente contra o criminoso Zé ninguém e quando é para agir com o mesmo rigor contra um poder paralelo também criminoso entra em pânico e comete trapalhadas e trapalhadas chegando a ponto de querer lavar as mãos e transferir os processos envolvendo bandidos poderosos de volta à Justiça Eleitoral? Estão temerosos de quê? Se o STF confirmar a transferência de tais processos para à Justiça Eleitoral, estará cometendo uma ato de alta traição ao país. 
Nenhuma das Excelências estão nos órgãos de justiça por imposição, foi vontade própria estar ali. Escolheram e lutaram pela profissão. E agora não resta outra coisa que fazer a Justiça ou morrer heroicamente por ela, como o juiz Giovanne Falcone da Operação Mãos Limpas, na Itália, em 23 de maio de 1992. 
Ter status é muito bom, todo mundo quer. Mas um juiz ou militar tem que estar preparado para enfrentar um tempo de adversidade se assim acontecer, e o tempo chegou, não é ainda uma guerra militar contra um outro país, mas uma guerra real que colocou a Justiça como protagonista, no front. E o povo brasileiro e a imprensa nacional e internacional estão assistindo tudo. 
Bandidos de colarinho branco tem coragem para matar juiz? Claro que sim. A morte do heroico juiz italiano junto com a sua esposa é prova disso. Não vamos muito longe, vamos aqui mesmo. A também heroína juíza Patrícia Acioli, assassinada violentamente em agosto de 2011. Sim, a ORCRIM é letal, perigosíssima, mas a Justiça tem que enfrentar. A guerra está em curso. O Brasil foi atacado violentamente. E a Nação espera bravura de Vossas Excelências, mesmo que vossa vidas venham a pagar o preço. A morte é fato comum em uma guerra. Baixas fazem parte do combate. Nossa Segurança Nacional está ameaçada. 
A juíza Patrícia Acioli enfrentou o crime organizado e pagou com a vida; em momento algum a juíza Patrícia quis transferir processos que estavam sob sua responsabilidade quando em vida, e enfrentou os bandidos e suas defesas mesmo conhecendo os riscos; e em um ataque covarde morreu de forma brava, patriótica, e hoje tem seu nome eternizado no novo prédio do Fórum no município de São Gonçalo-RJ.
Fica a pergunta: de que forma Vossas Excelências querem ser lembradas pela história? Como covardes, traidores, ou heróis?

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