Proposta de fazer do sofrimento da seca atração turística não agradou aos nordestinos.

Por Fernando Brito – do blog tijolaço

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Está no Diário do Centro do Mundo e na CartaCapital a chocante memória de um acontecimento grotesco.
O hoje governador de São Paulo, João Doria Junior, em 1987, quando nomeado por José Sarney para a presidência da Embratur, não apenas disse que a seca poderia se transformar em “atração turística” como, ainda, que parte dos recursos destinados a combatê-la fossem dados ao Turismo, para melhorar a capacidade de levarem pessoas para ver o sofrimento do nordestino.
Não é um “blog sujo” que o acusa, mas O Globo, que reproduzo abaixo, além de outros . E não é mal-entendido, tanto que até o jornal de Roberto Marinho dedica um mini-editorial irônico, perguntando onde, se continuarem com essa “insensata irrigação”, os turistas “irão gastar  os seus dólares”.
No século 19 eram famosos os “circos dos horrores”, onde a desgraça humana trazia algumas moedas aos espertalhões que agenciavam a desgraça.
Este riquinho, abastecido a água Perrier, enxerga “oportunidades de negócio” em tudo, até no flagelo de nossos – e não dele – irmãos nordestinos.
Porque é que não manda fazer uma passarela de vidro blindex passando pela Cracolândia, para que se possa atrair turistas sádicos, para ver o espetáculo da degradação daqueles seres humanos?
Quem sabe lá no Nordeste podemos voltar à seca  que Rachel de Queiroz imortalizou em sua obra O Quinze, com cadáveres de crianças no campo de concentração (o nome era este mesmo!) de Senador Pompeu, a caminho de Fortaleza. Com cadáver de criança a diária pode ser até mais cara, não é?
Nem Hitler pensou em fazer sightseeing em campos de concentração.
Olhe abaixo e veja, se não acreditas em blogs, a matéria de O Globo.

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