Se a barragem não leva o imóvel do brasileiro, o governo leva.

Por Cimberley Cáspio
Mariana
Foto: reprodução
De que o brasileiro é vítima? Vítima de sua própria negligência, por confiar no “jeitinho brasileiro”; vítima da corrupção, da falsa fiscalização, quer dizer, fiscalização só pra inglês ver, e das mentiras dos políticos; em alguns casos, vítima da justiça; vítima também da cobrança exagerada de impostos, inclusive impostos que são cobrados desde o tempo da monarquia e colonização, alguns ainda ativos e caros; e cobrança, cobrança e mais cobrança. E mesmo depois de morto em uma tragédia como Brumadinho, os familiares ficam sabendo que o INSS, já havia cancelado o benefício do que estava vivo e morreu soterrado na lama.
O governo, seja ele federal, estadual e municipal, é ótimo para cobrar, executar, incluir o cidadão na Dívida Ativa, e até mesmo penhorar um único imóvel. Se a desgraça se abateu sobre o infeliz cidadão, independente do que tenha sido, não se distingue e muito menos ainda, há consciência para que, temporariamente, não se tome medidas radicais contra o cidadão e sua família atingidos por uma tragédia, no sentido de não aumentar ainda mais o sofrimento que esteja passando, seja o sofrimento que for. Exemplo: neste momento, segundo o jornal O DIA, o INSS cortou benefícios de milhares de brasileiros, sem mesmo comunicar o beneficiário, e sem autorização para isso, e ao mesmo tempo, comemora o ato praticado que segundo o INSS, gerará uma economia significativa ao órgão prestador de benefícios, segundo a reportagem.
A pergunta que não quer calar é: se parte desses brasileiros que tiveram os benefícios cortados, estão ou foram vítimas em Brumadinho,ou, já estejam até mesmo mortos? O que o INSS tem para que se comemore tal economia? Vitória retumbante por ter retirado recursos muitas vezes vitais de pessoas fracas, oprimidas, ou até mesmo mortas por barragens?
Enquanto tragédias matam brasileiros inocentes de um lado, as cobranças são lembradas e com ameaças de execução judicial, sem dó, piedade e misericórdia. Tudo isso em tempo real. E se os rejeitos da barragem não levaram a casa do cidadão, é muito provável que o Estado e a Justiça leve o imóvel do infeliz brasileiro. E tudo, como causa de falta de pagamento de um imposto municipal denominado enfiteuse (ou aforamento); do tempo da monarquia, do tempo da colonização.
Isso mesmo, o problema está acontecendo na cidade de Friburgo-RJ. Ah, mas você não está em Brumadinho, você é simplesmente um sobrevivente da tragédia de Friburgo em 2011. Nada tem a ver com a barragem. Mas eu pergunto: por que me resgataram e me tiraram da lama? Para continuar vivo e continuar pagando impostos e mais impostos, inclusive do tempo da monarquia? E agora como rejeitos de uma barragem, ameaçam também levar o meu único imóvel? A Constituição não proíbe que se leve a única casa de um cidadão que a usa para morar e cuidar da família? Mas eles não querem saber, nem a justiça. Ameaçam executar caso a dívida colonial não seja paga, e ainda incluir o nome do cidadão na dívida ativa, sem falar na penhora da casa do infeliz.
Se não me resgatassem da lama em 2011, a morte chegaria e meu pânico cessaria. Viver para ver o meu imóvel ameaçado, não por uma barragem, mas pelo poder municipal, apoiado pela justiça, não sei se é pior que uma tragédia. Melhor teria sido ficar para sempre soterrado.
Opinião – não é comigo a situação que ora acontece, mas está acontecendo com um conhecido meu que por enquanto, tem um casa na cidade de Nova Friburgo.
Por outro lado, o que o INSS está fazendo nesse momento, também é uma tragédia. Realmente há benefícios cortados inclusive de vítimas da barragem de Brumadinho. Uma loucura.
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