Por João Lara Mesquita - Blog Mar Sem Fim - Editado p/Cimberley Cáspio
Acharam a prova que faltava: microplástico em fezes humanas
A notícia chega até nós, pela Deutsche Welle: “Pela primeira vez, estudo confirma suspeita de que partículas microscópicas de plástico estão no intestino humano. Mas cientistas ainda divergem sobre o que isso significa para a saúde das pessoas.”
Universidade Médica de Viena e da Agência Ambiental da Áustria
“Pesquisadores da Universidade e da Agência Ambiental da Áustria examinaram a dieta e amostras de fezes de oito voluntários em países diferentes. Encontraram quantidades variadas de microplásticos nas fezes de todos. Os microplásticos estão dentro do corpo humano. Os pesquisadores encontraram, em média, 20 partículas de microplástico em cada 10 gramas de fezes, de tamanhos que variam entre 50 e 500 micrômetros.”
Os tipos de plástico encontrados
“No total, nove tipos de plástico foram identificados. Os mais comuns foram os utilizados em embalagens, tecidos e garrafas de água (polipropileno e PET). “É altamente provável que durante as várias etapas do processamento de alimentos, ou durante a embalagem dos produtos, a comida esteja sendo contaminada por plástico”, disse Schwabl.
![[Imagem: microplastico.jpg]](https://marsemfim.com.br/wp-content/uploads/2018/05/microplastico.jpg)
O microplástico é ingerido por peixes e outros seres marinhos. Depois, nós, os seres humanos, comemos estes alimentos impróprios para a saúde. (Foto:http://blog.nationalgeographic.org/)
Na edição 2018 da regata Volvo Ocean Race há um veleiro cuja missão não é apenas disputar a prova. Enquanto veleja contra o relógio, o ‘Clean Seas – Turn The Tide On Plastic‘ (em tradução livre, ‘Limpeza dos Mares – Vire A Maré Contra O Plástico’) recolhe água do mar que é analisada para saber entre outras, a quantidade de partículas de microplástico ou microfibras por metro cúbico de água.
![[Imagem: barco-onu-.jpg]](https://marsemfim.com.br/wp-content/uploads/2018/05/barco-onu-.jpg)
O ‘Clean Seas – Turn The Tide On Plastic’ que recolhe amostras de água do mar enquanto compete.
Microplástico: entenda o que é
A definição está no próprio nome: partículas ‘micro’, ou muito pequenas, de plástico. Para alguns pesquisadores o tamanho máximo seria de 1 milímetro. Mas a maioria adota a medida máxima de 5 milímetros, o mínimo seria um ‘tamanho microscópico’. Esse é o caso da NOAA, a agência norte-americana que cuida de tudo em relação aos oceanos. Estas partículas vêm da deterioração de pedaços maiores do material (plástico) que não se decompõem. Elas são provenientes de lixo descartado em local errado que acaba indo pro grande ‘lixão’ que estão se tornando os oceanos.
Microfibras
Alguns pesquisadores, como Judith S. Weis (“Cooperative Work is Needed Between Textile Scientists and Environmental Scientists to Tackle the Problems of Pollution by Microfibers” ), dizem que “de longe, o tipo mais abundante de microplástico nos oceanos são as microfibras (aproximadamente 85%), oriundas de tecidos sintéticos usados em roupas.” Segundo esta pesquisadora, “microfibras foram encontradas até em biópsias pulmonares humanas.”
Por que o microplástico é danoso para os seres marinhos e o ser humano
Porque os animais marinhos confundem as partículas com seu alimento e as ingerem. Elas, por sua vez, entram em nossa dieta ao comermos peixes, camarões, ostras, e outros organismos marinhos. Pior que isso, o grande público ainda não sabe o que seriam estes microplásticos e seus malefícios simplesmente porque não os veem. Mas, eles estão lá. Até no ponto mais ermo da Terra, agora ficou provado que sim, as partículas já contaminam todos os oceanos do planeta. Culpa de quem, senão nossa?
Veja o que disse a icônica National Geographic sobre o problema:
"Existe um certo tipo de plástico cujos efeitos prejudiciais ainda não são amplamente reconhecidos pelo público, são os microplásticos, partículas que se deterioram a partir de peças (de plástico) maiores. A questão veio à tona devido ao uso de microesferas de plástico em produtos de cuidados pessoais, como esfoliantes de gel para banho, pasta de dente e maquiagem, que são drenados pelo ralo. De acordo com uma pesquisa de 2012, foram utilizadas 4.360 toneladas de microesferas em todos os países da União Europeia."
Regata Volvo Ocean Race prova existência do microplástico em todos os oceanos
Os pesquisadores já sabiam do problema. Tanto é que a própria ONU entrou na guerra ao plástico ao lançar sua campanha. Mas até agora não havia amostras que provassem a tese. Até que veio a edição da regata de volta ao mundo. A ONU decidiu patrocinar um dos veleiros que aproveitaria rotas ainda não mensuradas, para coletas. E o Clean Seas – Turn The Tide On Plastic’ deu conta do recado.
O Ponto Nemo e o microplástico
De acordo com matéria do http://www.volvooceanrace.com, “as descobertas mostram que, perto do Ponto Nemo, havia entre nove e 26 partículas de microplástico por metro cúbico de água.”
![[Imagem: P-Nemo.jpg]](https://marsemfim.com.br/wp-content/uploads/2018/05/P-Nemo.jpg)
“Quando os barcos passaram perto do Cabo Horn (mais próximo de terra), na ponta da América do Sul, as medições aumentaram para 57 partículas por metro cúbico.”
Outros pontos avaliados durante a regata
“Níveis de 45 partículas por metro cúbico foram registrados a 452 km de Auckland, Nova Zelândia. Esta perna (etapa) começou lá. Apenas 12 partículas por metro cúbico foram encontradas a 1000 km da chegada em Itajaí. A diferença nas medições pode ser explicada pelas correntes oceânicas que transportam os microplásticos a grandes distâncias. Os mais altos níveis encontrados até agora, 357 partículas por metro cúbico, estavam em uma amostra feita no Mar da China Meridional, uma área que alimenta o Grande Giro do Pacífico.”
As consequências da triste descoberta
De acordo com o site volvooceanrace.com, “o Dr. Sören Gutekunst do Instituto GEOMAR de Pesquisa Oceânica Kiel, analisou os dados preliminares de microplásticos no laboratório em Kiel, na Alemanha. E declarou:
"Este é o primeiro dado que a comunidade científica tem sido capaz de analisar de uma parte relativamente inacessível do nosso planeta azul. Infelizmente, isso mostra até que ponto os microplásticos penetraram em nossos vastos oceanos e agora estão presentes naquilo que, até agora, muitos consideram águas intocadas."
E Goytá comentou abaixo do artigo: "não esquecer também que problemas de mesma gravidade ou maior até, são os bifenilos policlorados (PCBs), usados como isolantes em transformadores elétricos e na fabricação de plásticos, e o mercúrio. Esses, ao serem absorvidos, entram na cadeia alimentar e podem causar câncer, defeitos congênitos e problemas neurológicos e renais. Os EUA já recomendam que mulheres grávidas evitem comer peixes marinhos, especialmente de grande porte, por causa do mercúrio."
marsemfim.com.br/microplastico-descobertas-alarmantes/
Acharam a prova que faltava: microplástico em fezes humanas
A notícia chega até nós, pela Deutsche Welle: “Pela primeira vez, estudo confirma suspeita de que partículas microscópicas de plástico estão no intestino humano. Mas cientistas ainda divergem sobre o que isso significa para a saúde das pessoas.”
Universidade Médica de Viena e da Agência Ambiental da Áustria
“Pesquisadores da Universidade e da Agência Ambiental da Áustria examinaram a dieta e amostras de fezes de oito voluntários em países diferentes. Encontraram quantidades variadas de microplásticos nas fezes de todos. Os microplásticos estão dentro do corpo humano. Os pesquisadores encontraram, em média, 20 partículas de microplástico em cada 10 gramas de fezes, de tamanhos que variam entre 50 e 500 micrômetros.”
Os tipos de plástico encontrados
“No total, nove tipos de plástico foram identificados. Os mais comuns foram os utilizados em embalagens, tecidos e garrafas de água (polipropileno e PET). “É altamente provável que durante as várias etapas do processamento de alimentos, ou durante a embalagem dos produtos, a comida esteja sendo contaminada por plástico”, disse Schwabl.
![[Imagem: microplastico.jpg]](https://marsemfim.com.br/wp-content/uploads/2018/05/microplastico.jpg)
O microplástico é ingerido por peixes e outros seres marinhos. Depois, nós, os seres humanos, comemos estes alimentos impróprios para a saúde. (Foto:http://blog.nationalgeographic.org/)
Na edição 2018 da regata Volvo Ocean Race há um veleiro cuja missão não é apenas disputar a prova. Enquanto veleja contra o relógio, o ‘Clean Seas – Turn The Tide On Plastic‘ (em tradução livre, ‘Limpeza dos Mares – Vire A Maré Contra O Plástico’) recolhe água do mar que é analisada para saber entre outras, a quantidade de partículas de microplástico ou microfibras por metro cúbico de água.
![[Imagem: barco-onu-.jpg]](https://marsemfim.com.br/wp-content/uploads/2018/05/barco-onu-.jpg)
O ‘Clean Seas – Turn The Tide On Plastic’ que recolhe amostras de água do mar enquanto compete.
Microplástico: entenda o que é
A definição está no próprio nome: partículas ‘micro’, ou muito pequenas, de plástico. Para alguns pesquisadores o tamanho máximo seria de 1 milímetro. Mas a maioria adota a medida máxima de 5 milímetros, o mínimo seria um ‘tamanho microscópico’. Esse é o caso da NOAA, a agência norte-americana que cuida de tudo em relação aos oceanos. Estas partículas vêm da deterioração de pedaços maiores do material (plástico) que não se decompõem. Elas são provenientes de lixo descartado em local errado que acaba indo pro grande ‘lixão’ que estão se tornando os oceanos.
Microfibras
Alguns pesquisadores, como Judith S. Weis (“Cooperative Work is Needed Between Textile Scientists and Environmental Scientists to Tackle the Problems of Pollution by Microfibers” ), dizem que “de longe, o tipo mais abundante de microplástico nos oceanos são as microfibras (aproximadamente 85%), oriundas de tecidos sintéticos usados em roupas.” Segundo esta pesquisadora, “microfibras foram encontradas até em biópsias pulmonares humanas.”
Por que o microplástico é danoso para os seres marinhos e o ser humano
Porque os animais marinhos confundem as partículas com seu alimento e as ingerem. Elas, por sua vez, entram em nossa dieta ao comermos peixes, camarões, ostras, e outros organismos marinhos. Pior que isso, o grande público ainda não sabe o que seriam estes microplásticos e seus malefícios simplesmente porque não os veem. Mas, eles estão lá. Até no ponto mais ermo da Terra, agora ficou provado que sim, as partículas já contaminam todos os oceanos do planeta. Culpa de quem, senão nossa?
Veja o que disse a icônica National Geographic sobre o problema:
"Existe um certo tipo de plástico cujos efeitos prejudiciais ainda não são amplamente reconhecidos pelo público, são os microplásticos, partículas que se deterioram a partir de peças (de plástico) maiores. A questão veio à tona devido ao uso de microesferas de plástico em produtos de cuidados pessoais, como esfoliantes de gel para banho, pasta de dente e maquiagem, que são drenados pelo ralo. De acordo com uma pesquisa de 2012, foram utilizadas 4.360 toneladas de microesferas em todos os países da União Europeia."
Regata Volvo Ocean Race prova existência do microplástico em todos os oceanos
Os pesquisadores já sabiam do problema. Tanto é que a própria ONU entrou na guerra ao plástico ao lançar sua campanha. Mas até agora não havia amostras que provassem a tese. Até que veio a edição da regata de volta ao mundo. A ONU decidiu patrocinar um dos veleiros que aproveitaria rotas ainda não mensuradas, para coletas. E o Clean Seas – Turn The Tide On Plastic’ deu conta do recado.
O Ponto Nemo e o microplástico
De acordo com matéria do http://www.volvooceanrace.com, “as descobertas mostram que, perto do Ponto Nemo, havia entre nove e 26 partículas de microplástico por metro cúbico de água.”
![[Imagem: P-Nemo.jpg]](https://marsemfim.com.br/wp-content/uploads/2018/05/P-Nemo.jpg)
“Quando os barcos passaram perto do Cabo Horn (mais próximo de terra), na ponta da América do Sul, as medições aumentaram para 57 partículas por metro cúbico.”
Outros pontos avaliados durante a regata
“Níveis de 45 partículas por metro cúbico foram registrados a 452 km de Auckland, Nova Zelândia. Esta perna (etapa) começou lá. Apenas 12 partículas por metro cúbico foram encontradas a 1000 km da chegada em Itajaí. A diferença nas medições pode ser explicada pelas correntes oceânicas que transportam os microplásticos a grandes distâncias. Os mais altos níveis encontrados até agora, 357 partículas por metro cúbico, estavam em uma amostra feita no Mar da China Meridional, uma área que alimenta o Grande Giro do Pacífico.”
As consequências da triste descoberta
De acordo com o site volvooceanrace.com, “o Dr. Sören Gutekunst do Instituto GEOMAR de Pesquisa Oceânica Kiel, analisou os dados preliminares de microplásticos no laboratório em Kiel, na Alemanha. E declarou:
"Este é o primeiro dado que a comunidade científica tem sido capaz de analisar de uma parte relativamente inacessível do nosso planeta azul. Infelizmente, isso mostra até que ponto os microplásticos penetraram em nossos vastos oceanos e agora estão presentes naquilo que, até agora, muitos consideram águas intocadas."
E Goytá comentou abaixo do artigo: "não esquecer também que problemas de mesma gravidade ou maior até, são os bifenilos policlorados (PCBs), usados como isolantes em transformadores elétricos e na fabricação de plásticos, e o mercúrio. Esses, ao serem absorvidos, entram na cadeia alimentar e podem causar câncer, defeitos congênitos e problemas neurológicos e renais. Os EUA já recomendam que mulheres grávidas evitem comer peixes marinhos, especialmente de grande porte, por causa do mercúrio."
marsemfim.com.br/microplastico-descobertas-alarmantes/
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