Por Hugo Ferreira de Moraes - Quora.com - Editado p/Cimberley Cáspio
Os brasileiros não queriam a república e a mesma não teve adesão popular.
![[Imagem: brasilmonarquia-site.jpg]](https://abrilsuperinteressante.files.wordpress.com/2018/07/brasilmonarquia-site.jpg)
Algumas provas disso:
Nas eleições de 1889, a última do Império, o Partido Republicano só conseguiu eleger dois deputados. Isso é menos do que o PSOL consegue eleger hoje.
Os amotinados que depuseram o Imperador no dia 15 de novembro embarcaram a família imperial para o exílio na surdina, à noite e sem avisar a ninguém, pois temiam uma reação popular contrária.
O governo provisório da república prometeu promover um referendo popular para que o povo escolhesse se gostaria de manter a república ou restaurar a monarquia. Porém, esse referendo foi postergado por 104 anos, sendo realizado somente em 1993, pois o governo provisório tinha certeza de que a monarquia venceria se a promessa fosse cumprida em um prazo razoável.
Os poucos civis que souberam do golpe republicano na época foram energicamente contrários a ele. Aconselharam o Imperador a organizar uma resistência, mas foi ele próprio quem recusou e preferiu ser exilado a começar uma guerra civil.
Algumas pessoas, sem qualquer relação com a família imperial, embarcaram para o exílio voluntariamente como protesto. André Rebouças foi um deles.
Várias revoltas e revoluções monarquistas aconteceram após o 15 de novembro em todo o país, incluindo duas revoltas da Marinha, a insurreição de Canudos, a Revolução Federalista Riograndense, a Revolta da Vacina e a Revolta do Ribeirãozinho, sendo todas violentamente reprimidas pelo governo republicano.
O governo republicano julgou necessário proibir qualquer manifestação monarquista, da mesma forma que se proíbe o nazismo hoje, e essa proibição só foi acabar com a Constituição de 1988, totalizando 99 anos de censura de pensamento.
Os negros recentemente libertados da escravidão por ocasião da Lei Áurea de 1888 haviam organizado um exército privado conhecido como a Guarda Negra, cujo propósito era combater o republicanismo e garantir que a princesa Isabel se tornaria a próxima governante do Brasil.
Bônus: A república era tão impopular que o marechal Deodoro, no seu ato de proclamação diante do exército, gritou “Viva Sua Majestade, o Imperador”, por uma falha de comunicação, quando todos esperavam que ele gritaria “Viva a República”.
Eu sou simpatizante da monarquia por uma série de razões, a maioria pessoais. Mas existem elementos pragmáticos também; e na minha percepção a monarquia parlamentarista é o sistema mais democrático e eficiente em existência na atualidade. Na verdade se você analisar estatísticas de desenvolvimento, vai notar uma clara relação entre países que são monarquias e países que estão no topo dos rankings.
De maneira geral o maior problema que o retorno da monarquia poderia resolver no Brasil é de longe a corrupção e a instabilidade política. Existem outras coisas positivas como memória histórica e senso de união (já que os políticos eleitos somente dividem a sociedade em coxinhas e mortadelas), mas do ponto de vista mais prático é isso. Eu posso discorrer sobre isso aqui mas não quero alongar o texto.
A ampla maioria dos monarquistas quer uma monarquia constitucional, mas não como a britânica em que o rei não faz nada. Melhor como no Liechtenstein, em que o rei possui prerrogativas que se balanceiam com as do parlamento.
Numa monarquia que eu considero ideal, a democracia não é a única fonte de poder político. Existe o equilíbrio entre a democracia (parlamento eleito, com poderes legislativos e executivos) e o poder moderador do rei. Nesse caso, a polarização ainda existe, mas não causa a ruptura do país como acontece no Brasil hoje, pois o representante do cargo máximo não se envolve nas disputas políticas e sequer revela suas opiniões pessoais. Sendo o chefe de Estado não-eleito, ele serve essa função de unificar o país.
Da mesma forma ele serve de obstáculo para os corruptos porque exerce uma função de fiscal do parlamento. Se algo der muito errado (como um Mensalão, por exemplo) ele pode e deve dissolver o parlamento e convocar uma nova eleição. Ou se membros do parlamento estão envolvidos em alguma controvérsia, ele pode suspender o seu mandato. Se uma lei divisiva é aprovada (como aumento de salário dos deputados em meio a uma crise), ele detém a capacidade de vetá-la. O aparelhamento do judiciário (como o que ocorreu no Brasil) seria impossível, pois quem nomearia os juízes federais seria o rei e não os políticos.
Assim e de outras maneiras o problema da corrupção seria reduzido.
Por outro lado, não existe garantia de que o rei seja incorruptível, mas acho que é ponto pacífico que o mesmo se aplica a toda e qualquer pessoa, não sendo diferente um rei de um presidente ou de outro homem público qualquer. A ideia não é encontrar o sistema perfeito, mas o que for mais próximo disso. O fato de o rei não pertencer a um partido, de não dever seu cargo a ninguém, de receber uma educação especial desde a infância para ocupar o seu cargo, e de depender da sua popularidade pessoal pra se manter no trono faz com que ele seja no mínimo menos corruptível. Note como qualquer escândalo envolvendo uma família real em países da Europa já traz ares republicanos à tona. Numa democracia moderna uma monarquia só sobrevive se tiver amplo apoio popular, e isso torna a figura do rei extremamente sensível a essas coisas. O fato de o seu cargo ser vitalício e destinado a ser herança de seus filhos também reforça nele a vontade de pelo menos parecer prudente, imparcial e honesto. Do contrário ele põe tudo a perder.
Também não quero dizer que o rei teria poderes extraordinários. Ele não teria nenhum poder que permitisse simplesmente atropelar as instituições como ele bem quisesse. Geralmente nesses casos de monarquia constitucional, o rei está muito mais à mercê das imposições do parlamento do que o contrário, e literalmente a única coisa que o sustenta em seu cargo é a vontade popular, sem delírios românticos da minha parte. Os políticos não têm razão pra não querer um rei se intrometendo nos seus negócios, e se livrariam dele se pudessem assim como o congresso brasileiro se livrou da Dilma num piscar de olhos, independente de qualquer julgamento político. Basta ver que a opinião pública os favorece.
Proclamação da República do Brasil – Wikipédia, a enciclopédia livre
Link: pt.quora.com
Os brasileiros não queriam a república e a mesma não teve adesão popular.
![[Imagem: brasilmonarquia-site.jpg]](https://abrilsuperinteressante.files.wordpress.com/2018/07/brasilmonarquia-site.jpg)
Algumas provas disso:
Nas eleições de 1889, a última do Império, o Partido Republicano só conseguiu eleger dois deputados. Isso é menos do que o PSOL consegue eleger hoje.
Os amotinados que depuseram o Imperador no dia 15 de novembro embarcaram a família imperial para o exílio na surdina, à noite e sem avisar a ninguém, pois temiam uma reação popular contrária.
O governo provisório da república prometeu promover um referendo popular para que o povo escolhesse se gostaria de manter a república ou restaurar a monarquia. Porém, esse referendo foi postergado por 104 anos, sendo realizado somente em 1993, pois o governo provisório tinha certeza de que a monarquia venceria se a promessa fosse cumprida em um prazo razoável.
Os poucos civis que souberam do golpe republicano na época foram energicamente contrários a ele. Aconselharam o Imperador a organizar uma resistência, mas foi ele próprio quem recusou e preferiu ser exilado a começar uma guerra civil.
Algumas pessoas, sem qualquer relação com a família imperial, embarcaram para o exílio voluntariamente como protesto. André Rebouças foi um deles.
Várias revoltas e revoluções monarquistas aconteceram após o 15 de novembro em todo o país, incluindo duas revoltas da Marinha, a insurreição de Canudos, a Revolução Federalista Riograndense, a Revolta da Vacina e a Revolta do Ribeirãozinho, sendo todas violentamente reprimidas pelo governo republicano.
O governo republicano julgou necessário proibir qualquer manifestação monarquista, da mesma forma que se proíbe o nazismo hoje, e essa proibição só foi acabar com a Constituição de 1988, totalizando 99 anos de censura de pensamento.
Os negros recentemente libertados da escravidão por ocasião da Lei Áurea de 1888 haviam organizado um exército privado conhecido como a Guarda Negra, cujo propósito era combater o republicanismo e garantir que a princesa Isabel se tornaria a próxima governante do Brasil.
Bônus: A república era tão impopular que o marechal Deodoro, no seu ato de proclamação diante do exército, gritou “Viva Sua Majestade, o Imperador”, por uma falha de comunicação, quando todos esperavam que ele gritaria “Viva a República”.
Eu sou simpatizante da monarquia por uma série de razões, a maioria pessoais. Mas existem elementos pragmáticos também; e na minha percepção a monarquia parlamentarista é o sistema mais democrático e eficiente em existência na atualidade. Na verdade se você analisar estatísticas de desenvolvimento, vai notar uma clara relação entre países que são monarquias e países que estão no topo dos rankings.
De maneira geral o maior problema que o retorno da monarquia poderia resolver no Brasil é de longe a corrupção e a instabilidade política. Existem outras coisas positivas como memória histórica e senso de união (já que os políticos eleitos somente dividem a sociedade em coxinhas e mortadelas), mas do ponto de vista mais prático é isso. Eu posso discorrer sobre isso aqui mas não quero alongar o texto.
A ampla maioria dos monarquistas quer uma monarquia constitucional, mas não como a britânica em que o rei não faz nada. Melhor como no Liechtenstein, em que o rei possui prerrogativas que se balanceiam com as do parlamento.
Numa monarquia que eu considero ideal, a democracia não é a única fonte de poder político. Existe o equilíbrio entre a democracia (parlamento eleito, com poderes legislativos e executivos) e o poder moderador do rei. Nesse caso, a polarização ainda existe, mas não causa a ruptura do país como acontece no Brasil hoje, pois o representante do cargo máximo não se envolve nas disputas políticas e sequer revela suas opiniões pessoais. Sendo o chefe de Estado não-eleito, ele serve essa função de unificar o país.
Da mesma forma ele serve de obstáculo para os corruptos porque exerce uma função de fiscal do parlamento. Se algo der muito errado (como um Mensalão, por exemplo) ele pode e deve dissolver o parlamento e convocar uma nova eleição. Ou se membros do parlamento estão envolvidos em alguma controvérsia, ele pode suspender o seu mandato. Se uma lei divisiva é aprovada (como aumento de salário dos deputados em meio a uma crise), ele detém a capacidade de vetá-la. O aparelhamento do judiciário (como o que ocorreu no Brasil) seria impossível, pois quem nomearia os juízes federais seria o rei e não os políticos.
Assim e de outras maneiras o problema da corrupção seria reduzido.
Por outro lado, não existe garantia de que o rei seja incorruptível, mas acho que é ponto pacífico que o mesmo se aplica a toda e qualquer pessoa, não sendo diferente um rei de um presidente ou de outro homem público qualquer. A ideia não é encontrar o sistema perfeito, mas o que for mais próximo disso. O fato de o rei não pertencer a um partido, de não dever seu cargo a ninguém, de receber uma educação especial desde a infância para ocupar o seu cargo, e de depender da sua popularidade pessoal pra se manter no trono faz com que ele seja no mínimo menos corruptível. Note como qualquer escândalo envolvendo uma família real em países da Europa já traz ares republicanos à tona. Numa democracia moderna uma monarquia só sobrevive se tiver amplo apoio popular, e isso torna a figura do rei extremamente sensível a essas coisas. O fato de o seu cargo ser vitalício e destinado a ser herança de seus filhos também reforça nele a vontade de pelo menos parecer prudente, imparcial e honesto. Do contrário ele põe tudo a perder.
Também não quero dizer que o rei teria poderes extraordinários. Ele não teria nenhum poder que permitisse simplesmente atropelar as instituições como ele bem quisesse. Geralmente nesses casos de monarquia constitucional, o rei está muito mais à mercê das imposições do parlamento do que o contrário, e literalmente a única coisa que o sustenta em seu cargo é a vontade popular, sem delírios românticos da minha parte. Os políticos não têm razão pra não querer um rei se intrometendo nos seus negócios, e se livrariam dele se pudessem assim como o congresso brasileiro se livrou da Dilma num piscar de olhos, independente de qualquer julgamento político. Basta ver que a opinião pública os favorece.
Proclamação da República do Brasil – Wikipédia, a enciclopédia livre
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