Sem saber, trabalhadores brasileiros pagaram calote bilionário da Venezuela.

[Imagem: 318446.jpg]
Empréstimos têm como avalista o Fundo de Garantia à Exportação, vinculado ao Ministério da Fazenda





Por Estadão Conteúdo - Editado p/Cimberley Cáspio



Brasília – Enquanto a família Maduro vai roubando todo o dinheiro do país, o governo brasileiro mexeu no Orçamento deste ano para cobrir um calote de R$ 1,3 bilhão dos governos da Venezuela e de Moçambique. Os empréstimos têm como avalista o Fundo de Garantia à Exportação (FGE), vinculado ao Ministério da Fazenda.

Para garantir o pagamento, cujo vencimento foi no dia 8 de maio, o presidente Michel Temer precisou enfrentar a resistência dos parlamentares e aprovar no Congresso um crédito suplementar, no valor da dívida, no Orçamento.

O crédito pedido pelo presidente fazia parte de um projeto de lei . Mas, no meio da votação, o montante que seria destinado à cobertura das dívidas não honradas foi excluído, porque o dinheiro para essa operação sairia das emendas parlamentares (parcela do Orçamento destinada às áreas de atuação de deputados e senadores). Então Temer convocou uma reunião de emergência e fez um apelo aos líderes de bancada no Congresso.

Sendo assim, o governo trabalhou a toque de caixa para enviar um novo projeto de lei, indicando outras fontes de recursos.

Esses empréstimos problemáticos, concedidos durante as gestões dos governo dos presidente Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff que priorizaram relações com a América Latina e a África serviram para que esses países importassem mercadorias e serviços do Brasil de forma financiada.

Os credores foram o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES),Postalis, PREVI,Funcef, Petros, Abreu e Lima, e o Credit Suisse. Na regra,se os países tomadores não pagarem, o FGE tem de cobrir os financiamentos.

“São compromissos assumidos no passado, portanto, não no nosso governo, mas que este governo tem que cumprir”, comentou Temer.

O Fundo dispõe hoje de mais de R$ 4 bilhões, de forma que há dinheiro para cobrir o calote. Mas há dois problemas a serem resolvidos. O primeiro: esse pagamento, que seria uma despesa do governo, não estava previsto no Orçamento de 2018. E precisaria estar, para o gasto ocorrer dentro da lei. Daí porque o governo correu para aprovar o crédito suplementar, que é na prática uma autorização para o gasto.

O segundo: existe um teto, um limite máximo, para as despesas do governo federal. Isso significa que, mesmo havendo dinheiro e autorização no Orçamento, seria preciso cancelar alguma outra despesa já prevista para abrir espaço e acomodar o pagamento do calote dentro do teto. Por isso, a primeira ideia do governo seria sacrificar as emendas dos parlamentares,seria.

Bom pagador

Omitindo a derrota no Congresso, o ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, apelou para o risco de crédito do País. “Nós temos a necessidade de fazer esse pagamento para que continuemos gozando da real condição de bons pagadores”, disse.

“Caso não honrasse, o Brasil ficaria inadimplente perante o sistema financeiro internacional, o que seria uma sinalização muito ruim”, afirmou o líder do governo no Senado, Romero Jucá (MDB-RR).

O BNDES já havia informado que a Venezuela estava inadimplente em US$ 135 milhões com a instituição. O país vizinho atrasou o pagamento de uma parcela vencida em janeiro. O saldo devedor somava US$ 814 milhões, conforme o dado do fechamento de 2017, como revelou o Estadão/Broadcast em janeiro.

Segundo o BNDES, o total de vencimentos em 2018 de dívidas da Venezuela cobertas pelo FGE somava US$ 436,85 milhões. Desse valor, US$ 278,2 milhões foram de empréstimos do BNDES. O restante refere-se a financiamentos de bancos privados.

Bem, como não foi possível tirar dos parlamentares, claro, a opção sobrou para os trabalhadores brasileiros, pois esses além de não terem voz, não tem poder para enfrentar o governo; e aí, o Congresso aprovou a liberação de R$ 1,16 bilhão do Fundo de Amparo ao Trabalhador, no programa do seguro-desemprego, para pagar o calote dado pela Venezuela e Moçambique no BNDES e em vários bancos privados, sobretudo o Credit Suisse. Só não avisou os trabalhadores.

O Brasil foi o fiador do empréstimo, concedido durante os governos de Lula e Dilma, para financiar a contratação de empresas brasileiras, quase todas envolvidas na Lava Jato.

O governo brasileiro garantiu que o trabalhador não será prejudicado porque há uma sobra no orçamento do FAT.

Mas, como sempre, a despesa pelos erros dos governos, qualquer governo, cai no colo do povo brasileiro.

E o silêncio dos sindicatos foi total.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Link: noticias.r7.com/prisma/coluna-do-fraga/por-que-o-trabalhador-brasileiro-tem-de-pagar-pelo-calote-da-venezuela-03052018

exame.abril.com.br/economia/governo-brasileiro-vai-assumir-calote-da-venezuela/

Comentários